sábado, dezembro 23, 2006

Emoção em Curitiba


Se não me falha a memória, em 1995, vi pela primeira vez na TV uma propaganda do então Banco Bamerindus, na qual se via um coral maravilhoso somente de crianças. Passaram-se os anos e minha imensa vontade de assistir a esse coral só aumentou. O Banco Bamerindus foi vendido para o HSBC e a certa altura foi cogitada a possibilidade do coral deixar de existir.

Em 2005, eu finalmente consegui realizar um dos sonhos da minha vida. Coisa tão simples, que pedia tão pouco e que me fez tão feliz. Consegui a companhia de uma pessoa mais que especial e seguimos rumo à Curitiba. Foi um final de semana só, que acabou sendo muito curto para conhecer tudo o que eu queria, mas suficiente para acalmar minha ansiedade.

A apresentação acontece no Palácio Avenida e reúne aproximadamente 25 mil pessoas a cada noite, quando mais de 150 crianças cantam das janelas do palácio. Os participantes são crianças de escolas públicas e baixo nível social, que para serem “cantores” precisam, antes de mais nada, ter notas boas.

Ano passado eu tive o prazer de estar entre milhares de pessoas, especialmente para ouvir dessas crianças uma só voz que encheu meu coração de emoção e meus olhos de lágrimas. Na verdade, as lágrimas vieram antes mesmo da música, ao me deparar entre tanta gente, numa praça pública, simplesmente para escutar músicas natalinas.

Acho que a energia que essas crianças transmitem é algo que não se pode comparar com mais nada, mesmo Natal sendo uma data tão triste. Mesmo estando em família, penso em quantas outras pessoas não tem ninguém, quantas outras sequer têm o que comer e até crianças que não tem noção de valor da moeda e se iludem com propagandas de TV que mostram brinquedos importados e caríssimos, mais caros que ouro.

Lembro com isso da minha própria infância, onde recheei tantos sonhos com minhas imaginações que jamais se tornaram verdade. Todavia, o pinheiro enfeitado de forma simples que minha irmã arrumava e o bolo caseiro de minha mãe decorado com merengue, me faziam igualmente feliz.

Hoje, mesmo sozinha em um apartamento, sigo enfeitando um pinheiro de Natal. Não importa se ninguém me visita e nem o vê. O que importa é que eu sigo uma simples tradição e que ela traz mais vida à minha vida, mesmo sem presente algum debaixo da árvore.

No entanto, se hoje Papai Noel me oferecesse um presente apenas, eu pediria por minha família. Ainda que não tenhamos sido uma família tão unida, ainda que tenhamos brigado e nos ofendido mutuamente, ainda assim, é minha família e se fosse diferente, não seríamos os mesmos.

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