sábado, junho 17, 2006

Independência para comer pipoca

Morar sozinha tem lá suas vantagens, mas às vezes não quero ter vantagem nenhuma.
Um tempo atrás, eu me negaria a sentar diante da tv sem nada com que pudesse ocupar minhas mãos. Era chato saber que os minutos estavam correndo no relógio e eu ali, sentada, olhando algumas imagens que me eram apresentadas. Por isso eu só assistia tv quando era para fazer companhia à alguém. Continuo achando que poderia ocupar meu tempo de maneira mais produtiva, porém viver sozinha tem me ensinado e ajudado a fazer coisas que antes julgaria fora de cogitação. Imaginem que hoje eu voltei do trabalho, tirei alguns minutos para lavar a louça, recolhi a roupa do varal, fiz uma visitinha à uma colega de trabalho, voltei para casa, tomei um super banho com direito a esfoliante e tudo, sentei na frente da tv para assistir Zorra Total enquanto comia gelatina. Foi então que me veio uma súbita vontade de comer chips... Dei uma olhadinha nos armários e não encontrei nada do que queria. Fiz planos de comprar mais salgadinhos da próxima vez que eu for ao Angeloni. Aí eu lembrei que tinha planejado ver um filme, já que estarei provisoriamente com minha internet desconectada por falta de pagamento. Logo então tive um estalo: o que se come quando se assiste filme??? Se você respondeu PIPOCA, acertou!!! Foi a primeira vez que fiz pipoca desde que moro aqui, ou seja, desde outubro/05. Acertei inclusive na quantidade, que daria para encher um saco pequeno, medido no meu olhômetro, que nunca me deixou na mão. Voltei a sentar na frente da tv e comi a pipoca toda, sozinha! Foi minha mais recente vitória. Mas eu não quero ter que ser sempre tão independente a ponto de ter que comer até pipoca sozinha. Quero ter companhia, família, amigos, um namorado. Não quero estar sozinha.
Mas enquanto me viro diariamente com meus afazeres, fico fazendo planos para meu apê. O mais importante de todos é colocar todas minhas contas em dia. Não reclamo do meu salário, mas tenho muitas contas para pagar em conseqüência da compra do apê, então estou meio que de pés e mãos atados no momento. Me alegra saber que cada dia que passa se torna um dia mais perto de ter meus problemas financeiros solucionados. Para quitar meu apê ainda preciso pagar 90 parcelas. Um dia elas vão acabar. Os outros planos que estão um pouco mais próximos se resumem em pintura, reforma de sofá, cortina para sala, uma cama de casal para visitas, e se der, um super tapete para sala, almofadas do Kioscki Mágico e ventilador de teto para o quarto de visitas. Quero muito conseguir fazer isso até dezembro. Depois vou começar a planejar mais um ventilador de teto para a sala, mais luz na entrada da cozinha, cortinas novas para meu quarto, TV decente, dvd e depois nem sei, porque estas são minhas prioridades mais prioridades de todas as prioridades. Quanto a cor da pintura, tenho pensado muito em algo parecido com creme para o apê todo, teto branquíssimo e aonde tenho paredes verdes eu transformaria em laranja. Nunca gostei muito de laranja, mas desde que tive coragem de comprar uma blusa dessa cor, passei a achá-la perfeita para quase tudo. É uma cor prá cima, com bastante energia. Já tenho minhas banquetas com assento laranja e meu jogo de pratos da Oxford também tem a mesma cor. Quando eu reformar o sofá, provavelmente escolherei uma cor neutra e jogarei uma manta colorida por cima, que provavelmente terá algo que assimile o tom das paredes. E quando eu finalmente puder colocar cortinas verdadeiras no meu quarto me sentirei uma pessoa muito feliz mesmo. Tenho persianas no quarto. E tenho trauma de persianas, desde a época que trabalhava no escritório da minha irmã, onde além de todo o serviço de secretária ( que não é nada fácil ) ainda tinha que limpar todas as persianas a cada duas semanas. Parei de trabalhar lá em 98, quando embarquei para minha vida de loucuras nos EUA, mas carrego o trauma comigo até hoje. Sem contar na frieza que as persianas transmitem. Não gosto mesmo. Quero um cantinho aconchegante. Cortina!

Ah... o sono já está chegando. Acabei de ter um daqueles flashes de infância. Quando eu ainda morava em Foz do Iguaçu, isso deveria ser lá por 84, 85, tinha um programinha infantil que passava à noite, só não lembro o canal. Era como se fosse numa floresta e tinha uns animais que apareciam numa árvore e cantavam uma música de ninar. Acredito que por estarem na árvore eles deveriam ser esquilos, mas não tenho certeza. A música que cantavam segue assim: “ O relógio bate/ é hora de nanar/ que os pequeninos precisam descansar/ ao Papai do Céu vou pedir em oração/ olhe por nós todos/ e nos dê sua proteção”.

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