sábado, outubro 28, 2006

As outras deles são sempre umas barangas


Sentimento horrível esse, de envergonhar a quem o sente. Nesse caso, eu mesma.

Por mais que eu entenda e ache normal pessoas manterem um relacionamento amistoso após um relacionamento sexual e afetivo, há sempre motivos para colocar aquele dedinho nos lábios e fazer a lista mental de quantas razões eu tenho para provar a mim mesma o quanto e porquê eu sou melhor que a outra. A outra, nesse caso, seria qualquer uma. Uma amante, uma simples paquera, um objeto de desejo. Uma ex ou até mesmo a atual de um ex.

Sou desorganizada, mas ao mesmo tempo, perfeccionista, detalhista, crítica. Sou vaidosa na maioria das vezes, embora isso nunca tenha feito com que me sentisse a melhor, fisicamente. Me acho uma pessoa esperta, mas não inteligente. Sem muita cultura, desinformada, cheia de manias, preguiçosa, falante e tímida ao mesmo tempo, com celulites e rugas nos olhos que têm me acompanhado pela vida inteira e ainda, pernas tortas. Ainda assim, eu sou mais eu.

Por mais querida e perfeita que seja a outra, sempre conseguirei encontrar um defeito gritante nela, que poderá ser um mamilo não muito bem centralizado no seio esquerdo, a gengiva que aparece mais do que deveria quando ela sorri, uma voz desagradável, a falta de delicadeza nos pés, a doçura exagerada de seu perfume, a marca imperdoável das gordurinhas que transparecem pela blusa. Que dor-de-cotovelo!

Vejo o casal junto e o ciúme me corrói. Como ele pode ter me deixado por ela? Se não posso vê-los juntos, imagino como era antes da minha chegada e o efeito corrosivo é o mesmo. Como ele pode ter gostado tanto e sofrido de igual maneira por aquela ali? E quando a outra é algo totalmente o oposto de mim, dá para pensar que nunca fui ou vou ser amada de verdade. Já se a menina se parecer comigo, posso pensar que se era para escolher uma quase igual, por que trocar então?

Neuras: cada um com as suas e eu com todas.

Horrível e vergonhoso, mas real. Coisa de criança mimada como eu. Querer sempre ser reconhecida como a melhor, mesmo sabendo que não sou. Me envergonhando cada vez mais por ser alguém tão pequeno, o que me conforta apenas é saber que para muitos eu também não passo de uma baranga!

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