quinta-feira, junho 29, 2006

Tá tudo errado...


“...Tá tudo errado
Você não sabe mais falar de amor
Não consegue enxergar a minha dor...
...
É melhor cortar o mal pela raiz
Eu não posso mais fingir que sou feliz...
...
Nunca mais vou chorar por um homem assim, insensível e distante de mim...”


E eu que pensei que nunca fosse capaz de ouvir Alcione. Prova de que surpreendemos a nós mesmos, não é?
Que droga. Com tanto assunto importante, tantos acontecimentos e acabei me desentendendo com ele por uma coisa tão banal. Chega a ser ridículo, quase tanto ao ponto de se igualar as coisas que ele me disse.
Se bem que analisando de um outro ponto de vista, bem feito prá mim, que ainda fica guardando esperança, como se ele fosse a pessoa mais tudo desse mundo. E bem feito prá ele também, que pensa que eu sempre vou estar boazinha, que eu sempre vou ser educada. Também tenho meus estresses, minhas frustrações e minhas carências, e há dias que eu quero mesmo um pouco de colo, de carinho a troco de nada.
Isso não é ser infantil. Eu moro sozinha, tomo café da manhã, almoço, janto, vejo filme, vou ao supermercado e limpo a casa, tudo sozinha. Basicamente, as únicas pessoas com que falo durante a semana são meus alunos, e no fim-de-semana, minha família. Eu também tenho direito de precisar de carinho às vezes, não posso ser uma Mulher Maravilha o tempo todo.
Hoje eu estou assim, um Stuart Little, que apesar de independente, precisa de atenção e cuidado.
Isso tudo me faz lembrar o Linha Direta que vi hoje outro dia. Na verdade eu não vi, pois raramente assisto TV, mas às vezes a deixo ligada enquanto faço uma coisa ou outra em casa, assim tenho um pouco de barulho à minha volta. Então, como eu estava dizendo, nesse Linha Direta passou sobre uma mulher que foi estuprada e obrigada pelos avós a doar o neném. Ainda grávida, conheceu o homem com que se casaria no futuro. Casou-se com ele e tudo era pura maravilha até o dia em que ele chegou em casa e quebrou ela na porrada, sem motivo nenhum. No próximo dia ele apareceu com flores, dizendo que a amava muito. Passa um tempo e a situação se repete. E de novo. E de novo. E de novo. Não lembro se ela acabou fugindo ou se ele foi denunciado e fugiu, mas o que me recordo muito bem é da psicóloga que falou sobre esse caso. Ela disse que a maioria das mulheres que sofrem de qualquer tipo de violência, seja ela doméstica ou psicológica, na verdade não buscam por ajuda porque acreditam que o agressor um dia mudará e voltará a ser aquela pessoa doce que conheceram, que lhes dava flores e demonstrava amor. Na verdade, eles nunca mudarão.
Essa mudança é o que todos queremos, esperamos, quando algo na pessoa que gostamos nos incomoda, mas isso, na opinião da psicóloga, é pura ilusão, visto que uma pessoa que é instável age assim por causa de sua personalidade.
Isso é o que me preocupa. Esperar que o comportamento de alguém mude, me dedicar à essa pessoa e viver num legítimo inferno.
Eu não mereço isso. Se merecesse, com certeza Deus teria me feito mais forte para agüentar tal coisa.
Estou chorando sem ter dado tchau, sem ter me machucado, sem ter feito algo errado, sem ter discutido. Foi tudo através da internet.
Parece que quanto mais precisamos de alguém, mais o afastamos. Ou será que são eles que se deixam afastar de nós?

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