segunda-feira, janeiro 08, 2007

Música ao vivo no transporte público de Blumenau


Não importa o que se ouve por aí, andar de ônibus é mesmo uma maravilha!

Nem sempre se encontra um assento disponível, nem sempre o motorista dirige bem, nem sempre o cobrador é simpático, mas sempre há do que se rir.

Hoje precisei me locomover até a rodoviária e para tanto, fiz o quase sacrifício de tomar aquele ônibus que sai a cada quinze minutos com pessoas penduradas pelas portas, uns querendo e sentando no colo dos outros, empurra-empurra, enfim, tudo o que se pode imaginar.

Por falta de conhecimento meu, precisei me acomodar perto do cobrador para que pudesse lhe pedir informação sobre o ponto em que eu deveria descer.

Minha supermochila rosa estava morbidamente obesa e se equilibrava nos ombros dos sortudos que estavam sentados nos bancos mais próximos.

Já eu estava nas pontas dos pés para poder alcançar meus dedos nas barras de apoio, com o equilíbrio ameaçado a cada freada ou curva que fazíamos. A dor nas costas também era considerável.

Foi exatamente dessa forma que ainda consegui me desfazer em gargalhadas disfarçadas entre meus cabelos bagunçados pelo vento quente que as poucas janelas abertas deixavam entrar.

Entre tantos personagens excêntricos, lá estava ele, o mais comum, mas ainda o maior motivo de riso: o bêbado.

Alcoolismo é coisa séria, porém é impossível controlar o riso quando a criatura, um artista produzido pelo maldito vício, nos dá uma amostra gratuita de seu grande talento.

Junto com seu cheiro de álcool amanhecido e seu suor exagerado, o bêbado liberava sua voz nada melodiosa naquele pequeno ambiente de estresse.

Cantou com amor e um resto de neurônios ainda não destruídos. A música ao vivo e de mau gosto extraída de seu repertório acompanhou os passageiros por um bom pedaço do caminho.

Ainda que inoportuno, indesejável e fedorento, o bêbado pôs no rosto de cada um dos que viajavam naquele ônibus um largo sorriso, talvez o único do dia. Até o motorista sorria enquanto assistia ao show pelo retrovisor.

O bêbado provou por A+B que embriaguez não é sinônimo de amnésia, pois perguntou ao cobrador em que parada ele deveria ficar para ir até o Bar do Gervásio.

O povo que ouviu a pergunta respondeu, quase que em uníssono, que era o próximo ponto, para que se livrassem dele o quanto antes.

Eis que o ônibus parou e ele, olhando atentamente enquanto descia os degraus, não reconheceu o lugar e disse aos seus informantes que seu destino não era aquele.

O bêbado nos divertiu por mais algumas centenas de metros e foi embora encontrar-se com a boemia outra vez.

Andar de ônibus, repito, é uma maravilha...

Um comentário:

Anônimo disse...

Engracado Lia!! Seu blog anda bem interessante ultimamente! Pelo jeito tens tido bastante tempo livre. Espero que estejas curtindo o verao por ai! Amor, Ana.