quinta-feira, janeiro 25, 2007

Em gotas e papel



Vivo minha vida da maneira que escrevo,
fazendo permanentes em papel e tinta
as palavras que brincam de ciranda
no meu pensamento
enquanto emoções afloram em minha pele.

Como a tinta que deixo neste pedaço de papel,
ficam em cada milímetro do meu corpo
as sensações que experimentei.

Cada fantasia disfarçada em pele crua,
cada dor afogada em sua própria melancolia,
cada riso perdido em sua vibração,
cada desejo queimado em sua própria fogueira.

Escrevo minha vida em um poema
com as pontas dos dedos
mergulhadas no sangue
que insiste em brotar do meu peito.

Enfeito o que se vê com as cores
que quero no meu futuro
e uso o mesmo perfume
para que me encontres
por onde quer que eu vá.

Deixo em ti as marcas das unhas
que se quebram sempre
e das mordidas
que vertem cor e dor.

De cada encontro levas minhas lágrimas,
que disfarçadas em meu suor,
te transmitem apenas o prazer que compartilhamos,
sem te mostrar os vestígios do que carrego em mim
o tempo inteiro.

O sangue escorreu pelos dedos
enquanto a caneta inclinada sobre o papel
aguardava, ansiosamente,
pela eternização da palavra
e deixou para sempre
uma mancha na vida que escrevia.

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