Sensação sentida por todos, diariamente, em qualquer parte do mundo. Acredito na existência de poucas coisas mais irritantes do que estar com pressa e precisar esperar pelo transporte coletivo.
De longe eu avisto um veículo em movimento vindo à minha direção. Aos poucos se aproxima mais, mais, mais e mais, de repente... tchanam, não é o itinerário que eu aguardo! Alguns batimentos cardíacos acelerados em vão, mas nada posso fazer além de continuar a espera.
Olho para a vitrine abandonada da loja em frente, procuro alguma coisa qualquer deixada no chão entre os pés dos que me acompanham na espera. Percebo que alguns não se dão conta de que as unhas dos pés também têm que ser limpas.
Faço planos de melhora na aparência. Lembro de não ter passado hidratante na noite anterior por querer estar o mais rápido possível embaixo das cobertas, com aquele travesseiro que me acompanha noite após noite.
Olho o relógio. O ponteiro caminhou uns três minutos. Ouço ruídos. A expectativa cresce, logo diminui. Mais uma vez, não era o ônibus que eu esperava.
Uma criança em prantos no colo da mãe me desvia a atenção. Também eu, às vezes, sinto vontade de chorar. Vejo um casal se beijando do meu lado. O tiozinho atravessando a rua, confiando profundamente no amparo de sua bengala.
Relembro algumas cenas do dia-a-dia. Quantas vezes eu teria embarcado num ônibus e saído logo em seguida por ter esquecido algo? Outras vezes, eu teria entrado e encontrado um lugar para sentar e, depois de bem acomodada, me dava conta de que era o ônibus errado. Em outras ocasiões ainda, eu vi meu ônibus tão esperado deixar o ponto enquanto eu tentava atravessar a rua. Mas os ônibus dos outros, estes sim, sempre passavam e eles, sempre iam embora.
Num dia assim, sem perfume e sem cor, comparo minhas esperas. Minha vida toda não tem sido mais que uma simples espera, uma espera que não cessa, enquanto os outros continuam indo,vindo, fazendo, acontecendo e eu, no banco do ponto de ônibus...
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