Se o dia de ontem tivesse acontecido 10 anos atrás, eu estaria inundada em lágrimas. Se tivesse acontecido 5 anos atrás, eu estaria me sentindo só, muito só. Hoje, não sinto nada. Talvez porque já tenha chorado todas as lágrimas possíveis, ou porque a solidão tenha passado a ser parte do meu dia-a-dia.
O fato é que hoje já não sinto nem ódio, nem raiva, nem tristeza, nem arrependimento. Ignoro simplesmente. Ou talvez não. Melhor, acho que não ignoro, caso contrário não poderia estar falando sobre isso, já que ignorar é não perceber...
Talvez eu me encontre num simples estado de choque. Mas também seria difícil, pois de certa forma, esperava que isso acontecesse.
É sangue que falta nas minhas veias, por isso não reajo. Aquela estória toda de paixão da qual falei outro dia.
É triste chegar num ponto onde se vegeta, onde o que acontece ou deixa de acontecer não muda nada na tua vida. Parece que estou ligada nessa vida por alguns poucos tubos que me alimentam com uma quantia dosada de carinho e compreensão, suficientes apenas para manter meu coração batendo, nem mais forte, nem mais rápido, só batendo constantemente.
As opiniões a respeito da eutanásia são bastante divididas. Existem aqueles que dizem acreditar que a pessoa deve ser mantida viva, independente de seu estado e condições de vivência. Outros pensam que tendo uma vida privada de tudo é não ter vida, e dessa forma, energia alguma deveria ser gasta para manter esse corpo. Minha opinião é insignificante.
Queria estar viva e poder chorar tudo o que preciso, dessa forma descarregaria meu estresse que só tem se acumulado com tantos assuntos a serem resolvidos. Não consigo sentir nada.
N-A-D-A.
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