quarta-feira, julho 13, 2011

O egoísmo também leva à morte

Às segundas-feiras, como de costume, folheio a revista Veja enquanto como alguma coisa e converso sobre os assuntos do dia com meu marido. A Veja dessa semana traz a reportagem de uma mulher que contratou seu próprio assassino. A leitura foi bem rápida e por isso não tenho muitos detalhes a contar, mas a mulher era depressiva, tinha baixa auto-estima (que diminuiu ainda mais ao descobrir, já adulta, que era adotada), havia se divorciado há alguns poucos anos e tentou, sem sucesso, mais de uma vez conhecer pessoas através do mundo virtual.

Embora fosse descontente e infeliz, admirei-a pela escolha de não ter filhos, embora eu ache que muitas mulheres encontram a felicidade que tanto buscam na maternidade. Ela optou não ter sido mãe, ciente de sua condição psicológica. Outras mulheres, porém, na tentativa de manter ou encontrar algo que julgam merecer não raro encontram frustrações nas exigências do que é definitivamente ser mãe.

À parte disso, a personagem central da história foi extremamente egoísta, como são, ao meu ver, a maioria dos suicidas. No entanto, essa mulher sequer foi suicida porque procurou alguém que pudesse receber a culpa pelo seu assassinato, mesmo tendo esclarecido em um bilhete que morrer foi uma decisão sua.

Morremos todos, um dia. Os mais ansiosos, mais frustrados e menos pacientes insistem em encontrar meios de partir mais cedo, não demonstrando forte apreço pelos que ficam para verter as lágrimas. É o egoísmo e a falta de confiança em si próprio que culminam em tamanho desespero e sentimento de que já não há saída, não há solução além do escuro silêncio sem fim. Alguém que prefere a morte à chance de viver e recomeçar descarta com facilidade tudo o que se viveu até então, toda a dor que seus familiares ou amigos sentiram por vê-lo debater-se em meio a desilusões e fracassos.

Esquecem eles, os suicidas, que todos, um dia, se sentem fracassados e não veem luz no fim do túnel. Porém, vive-se de fases. Há dias bons, dias ruins, dias péssimos e há instantes que compensam toda e qualquer falha que encontramos. Isso é vida.

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