segunda-feira, março 24, 2008

A máquina de costura


Faz tempo, muito tempo mesmo que dei meus primeiros pontos. Ainda tímidos, coitadinhos, ensaiavam uma figura simples num pedaço de pano qualquer. Tamanha foi minha insistência e persistência, que ainda sem tanta competência, atrevi-me a lidar com novas agulhas, novas cores, novas linhas.


Bordei alguns pontos diferentes, com os quais não senti muita afinidade e os deixei um pouco de lado. Acresci a delicadeza do crochê a um trabalho e outro, brinquei com agulhas de tricô.


Demorei um bocado, mas dei-me conta finalmente que para um trabalho com mais esmero seria necessário um pouco de sofisticação. Olhei para um lado e outro e do lado de dentro da vitrine estava ela a zigue-zaguear meu coração. Atração fatal e amor para a vida inteira. O manual, porém, muito complexo.


Ainda assim, enfrentei, afinal, não poderia ser tão difícil. “Sorte de principiante”, diriam logo que vissem meu primeiro trabalho. Contudo, com apenas uma bainha mais ou menos reta não há senão panos-de-louça.


E não me dei por satisfeita. Aprendi a trocar as agulhas, a linha da lançadeira, a aplicar o zigue-zague. Investi em matéria-prima: comprei tecidos, moldes, tesoura e fita métrica. Medi, calculei, cortei. Fiz o zigue-zague para o tecido não desfiar, juntei as partes, deixei a tal bainha impecável.


A grande frustração foi quando percebi que que apesar de ter bordado e juntado as peças e decorado o manual de cabo a rabo, eu sequer sabia como fazer a casinha de um botão.

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