terça-feira, março 27, 2007

Vou te dar uma mãozada que vai te jogar lá no meio da rua!

Esta talvez tenha sido, em toda a minha vida, a frase de maior impacto que ouvi em um diálogo entre mãe e filho. Pelo que pude entender, eles precisavam pegar o ônibus e, estando a uma distância considerável do ponto de ônibus, a mãe se viu em apuros porque as pernas do seu filho de aproximadamente cinco anos não conseguiam manter o ritmo necessário para que chegassem a tempo. O garotinho, assustado, soltou a mão da mãe e começou literalmente a correr, como se isso fosse solucionar o problema todo, quando a mãe o adverte com palavras extremamente carinhosas, do tipo "sai da minha frente, guri!".
Ouvi, segui adiante e me culpei. Me culpei por ter sido tão ausente e indiferente quando deveria ter chamado a atenção daquela mulher para o que estava fazendo e com isso, talvez eu mesma tivesse conseguido ganhar aquela mãozada que ela havia prometido ao filho. No meio desse acontecimento, deixei de ser testemunha para ser cúmplice, uma vez que quem cala, consente.
Além do sentimento de culpa, pensei nos tipos de pessoas que encontro diariamente e quais delas devem ter tido o mesmo tratamento para terem se tornardo o que são hoje. Nosso aprendizado mais profundo, aquele que levamos conosco pela vida toda, é composto de experiências e exemplos. Por essa razão, é necessário descobrir meios não tão severos para que nos comuniquemos uns com os outros mais pacificamente e aos poucos, eliminemos um tanto dessa falta de tato que está sempre presente.

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