terça-feira, março 20, 2007

O vazio absoluto




Quando as noites pareciam curtas demais para tantos sonhos foi que eu me rendi aos farrapos de ilusões que por inúmeras vezes descreveste. Tentei permanecer sã e dona dos meus desejos, porém, de surpresa me foram arrancados os sapatos e senti como se pisasse em algodão...



Sem pensar nas conseqüências, em um impulso apenas, me despi de qualquer pudor e me deixei ser conduzida. Então me levastes a um lugar que nem imaginava existir. A porta da casa, no entanto, foi deixada entreaberta, e pude ver através dos fachos de luz que adentravam o espaço.


Vi o vazio completo. O vazio que tornou a existir quando meus pés não estavam mais descalços e meus olhos já se haviam aberto. O algodão, derretido, caía do céu, alagando todo o jardim. Os farrapos de ilusões que se mostraram tão concretos tornaram-se concretos de fato, virando pedra. A chuva, as rochas, o vazio absoluto: a falta de ti.

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