terça-feira, outubro 31, 2006

O Halloween de todos os dias

Há muito tempo que assimilei a “cultura hallowística” à minha vida. Quando criança, amava passar medo assistindo filmes de terror que povoariam mais tarde meu sono tranqüilo com pesadelos infindáveis.

Anos depois passei a cultuar tudo o que se relacionasse com o oculto e ainda hoje carrego comigo algumas crenças e superstições. Durante meus anos no exterior me emocionei com criancinhas disfarçadas de monstros horríveis batendo à minha porta com a esperança de ganhar um doce e um grito de pavor, quando arrancavam de mim não somente os almejados doces, mas também minhas gargalhadas e meus sorrisos mais sinceros.

Gostaria de ter algum dia na minha vida saído para o tal do “trick or treat”, mas nessa época, eu já estava grandinha demais para sair por aí monstrinhando em troca de algumas guloseimas.

Sem se dar conta, as pessoas vivem um rotineiro Halloween. Sentem medo, dor, imaginam situações ruins, têm pesadelos, sofrem, alimentam seus próprios fantasmas à base de ração para crescimento. De certa forma, as pessoas também saem diariamente disfarçadas para seu TRICK OR LOVE, TRICK OR WORK, enfim, inúmeras ameaças.

Vive-se sob constante pressão.

Sentimos medo das caras feias e por fim nos submetemos à elas. Outras vezes nos enganamos com aparências dóceis e inofensivas, que encobrem criaturas horrendas. E ainda, às vezes, nossas próprias máscaras caem e deixamos então de assustar os fantasmas que criamos. Somos caçados por nossas próprias criações.

Quero que meu Halloween acabe. Quero encontrar o gênio da lâmpada e fazer meu único desejo: preciso que meu Halloween se acabe de uma vez. Não quero fantasmas de ex-namorados, de ex-namoradas de namorado, de atuais namoradas de ex-namorados, fantasmas de ex e atuais sogros com cobranças, julgamentos e comparações, não quero me sentir ameaçada nunca mais, não quero ver fantasmas de chefes que se julgam autosuficientes e perfeitos, nem quero que me acompanhem fantasmas financeiros, não quero ter pesadelos, não quero ver o fantasma da morte rondando a mim e aos que me cercam, não quero ver o fantasma do meu passado, nem ver meu futuro disfarçado de fantasma.

Que caiam todas as máscaras no chão e se transformem em pó e que esse pó ofusque os
olhos de quem não é do Bem!

Não quero mais sentir medo de nada, nunca mais. Não quero sentir medo de arriscar, de falhar, de confiar, nem dos outros ou de mim mesma.

Não quero sentir medo da Vida.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que malvadeza aquilo que vc escreveu!!!