E se...

E se eu pudesse dizer tudo o que quero porque já não agüento mais?
Será que as coisas seriam do jeito que eu quero que sejam ou será que é querer demais esperar que elas sejam como eu idealizo?
Será que é cedo demais ou será que já passou da hora e eu nem senti?

A montanha-russa que eu quis está bem aqui, montada e com o carrinho vazio, esperando por mim. Tenho medo de alturas e espera-se que eu sente no primeiro banco, mas nem sempre eu quero encarar tudo de frente. Às vezes preciso de alguém que encare as coisas por mim, que me proteja. Cansa ser "Bombril" o tempo todo.

Talvez precise aumentar o grau das minhas lentes para que eu possa ver um pouco mais adiante, pois do jeito que está vejo tudo embaçado. Um palmo a frente do nariz é tudo o que posso ver e mesmo que essa imagem me faça feliz, mesmo que ela me faça sorrir, minha constante impaciência não deixa que eu viva o presente cercada por esse suspense. Quero saber se o que verei mais adiante me trará igual felicidade.

Preciso saber se esse carro andará nos trilhos, pois não quero me acidentar de novo. Ficar presa entre as ferragens ou ter que me segurar lá em cima até que alguém me socorra seria tanto quanto traumatizante agora.

Enquanto parques de diversões são construídos especialmente para crianças e adolescentes, nós, adultos, aproveitamos e nos fazemos passar por eles às vezes.Também queremos a adrenalina agindo em nossos organismos. Todavia, nos fazemos passar por eles somente, porque já deixamos essa fase para trás. Devido ao processo de recuperação ser quase sempre mais rápido qunato menor a idade, uma pessoa mais jovem que caísse de uma montanha-russa provavelmente se recuperaria mais rápido que eu. Uma outra que não tivesse medo de alturas talvez nem sentisse a queda. Mas eu, com certeza, sentiria demais.